terça-feira, 12 de junho de 2012

Capitulo 2 (parte I)





Estava a chegar à estação para ir para a escola. Quarta-feira. Cada dia o fim das aulas estava mais próximo… Cada dia ficava com mais saudades, mesmo sem ter ido embora ainda… Senti alguém atrás de mim e virei-me para ver quem era.
-Bom dia – cumprimentou-me o Pedro, acertando o seu passo com meu.
-Bom dia.
-As aulas estão quase a acabar, hã.
-Pois estão – respondi, enquanto caminhávamos para a escola.
-O que é que vais ter agora?
-Português.
-Ah. Ainda tens o livro da Sofia, não é? Se precisares dás-mo que eu entrego-lho, depois dos exames.
-Obrigada, mas não vai ser preciso. Já falei com a Rita e ela entrega-lho.
-Estás chateada? – perguntou de repente.
-Com o quê?
-Com alguém.
-Não. Porque é que perguntas isso?
-Estás a falar de maneira diferente. Costumavas falar sempre num tomalegre e estavas sempre a sorrir…
-Não Pedro, simplesmente estou a achar estranho tu vires falar comigo novamente e tão de repente.
-Eu não deixei de te falar.
-Pois não, desculpa, fui eu que passei os últimos dois anos a ignorar-te quase totalmente!  -ironizei.
-Eu não te ignorei.
-Não Pedro, claro que não, se calhar quem fez isso fui eu!
A conversa já estava a irritar-me! Felizmente mais uns cinco, seis passos e chegávamos ao portão da escola, onde ele iria muito provavelmente ficar com os amigos.
-Podemos falar no intervalo? – pediu.
-Não. Vou estar ocupada!
-Ocupada?
-Sim. Adeus – respondi, descendo as escadas para entrar na escola. Ele ficou lá, como eu tinha calculado.
Ainda ia a pensar na lata que o Pedro tinha tido para começar aquela conversa, quando o Tomás apareceu ao meu lado, enquanto eu passava pela porta do refeitório.
-Bom dia! – sorriu.
-Que susto! – no entanto mostrei um sorriso. A conversa até à escola tinha-me deixado chateada, mas o sorriso e a energia do Tomás mudaram logo o meu humor. – Bom dia.
-Está tudo bem? Não entraste na escola com muito boa cara. Foi porque viste o teu amigo? – perguntou, tentando ao mesmo tempo animar-me.
-Agora já está tudo bem. E já te disse que ele não é meu amigo!
-Está bem, pronto, não falo mais no teu amigo, então! – sorriu.
-Tomás! – mas desmanchei-me num sorriso.
-Olha, eu hoje saio às onze e meia e tenho duas senhas para o refeitório. Vens almoçar comigo?
-Outra vez?
-E então? E olha que desta vez só te estou a oferecer a senha do refeitório!
-Está bem. Eu também saio às onze e meia.
-Boa. Encontramo-nos à porta do refeitório, quando tocar para as onze e quarenta e cinco?
-Sim, pode ser.
Chegámos ao pé da Filipa e do nosso grupo.
-Então até logo – despediu-se com um sorriso. - Olá Filipa! – cumprimentou, vendo a minha melhor amiga.
-Olá – respondeu ela.
-Até logo – despediu-se.
-Oh, oh fofinha, quem é que é aquele? – perguntou-me a Miriam.
Passámos o tempo até ao toque de entrada a falar do Tomás e da maneira como tínhamos começado a falar. Depois eu e a Filipa seguimos para a sala para termos a primeira aula.No intervalo, eu e a Filipa fomos para o local habitual com o nosso grupo, e no muro do outro lado estava o Tomás com um grupo de colegas. Entre conversas com a Filipa e com o resto das raparigas, o meu olhar fugia para olhar para o Tomás, e a maior parte das vezes os nossos olhares cruzavam-se e sorriamos imediatamente. Quando soou o toque de entrada eu e a Filipa despedimo-nos do resto das raparigas, enquanto o Tomás foi para a porta do refeitório.
-Eu já venho, vou só levar a Filipa ao pé da estação - disse-lhe eu.
-Não vais nada! - reclamou ela.
-E tu vais sozinha?
-E eu vou-me perder, por acaso?
-Olha, desculpem lá estar a meter-me, mas, porque é que não vamos todos até à estação e depois eu e a Catarina voltamos? Quer dizer, se não houver problema de eu ir!
-Não, claro que não! - respondeu a Filipa.
-Então pronto, resolvido! Vamos? - disse ele.
-Vamos! - respondeu ela.
Saímos da escola e estavamos todos muito calados, até que o Tomás decidiu interromper esse silêncio e começar a fazer perguntas à Filipa e começar a meter assunto com as duas. Depois eu e o Tomás voltámos para a escola.
-Vamos almoçar já? - perguntou.
-Vamos.
Entrámos no refeitório, tirámos os tabuleiros e por fim fomos sentar-nos numa mesa a um dos cantos.
-Disseste que também gostas de desenhar, não é? - perguntou.
-Sim, gosto.
-Podias desenhar qualquer coisa para eu ver - pediu.
-Não me vai sair nada de jeito... Tu é que me podias deixar ver um dos teus desenhos.
-Hoje não tenho aqui nenhum... Mas isso resolve-se já! - Foi à mochila e tirou uma folha e um lápis. Em poucos minutos fez um desenho não muito grande mas algo elaborado. Estava espetacular. - Toma. Podes ficar com ele - assinou o desenho numa das extremidades, colocou a data e deu-me a folha. Aceitei-a e fiquei a admirar o desenho.
-Obrigada - agradeci. - Está mesmo fantástico... - mal consegui dizer.
-Isso nem é nada. Tenho um monte de telas em casa, muitas ainda nem estão acabadas. Qualquer dia levo-te ao meu atelier.
-Tens um atelier? - perguntei surpreendidamente curiosa.
-Não é bem um atelier. Eu e a minha mãe resolvemos transformar um quarto que não era utilizado, então eu tornei-o no meu atelier, digamos assim.
-Levas isso mesmo a sério - comentei.
-Já te disse que é a minha paixão - sorriu.
-È, dá para ver - sorri também. -Bem, é melhor começar-mos a comer, senão o comer fica frio!
-È melhor!
Começámos a comer, mas pouco tempo depois ele disse uma coisa que me fez pousar a colher.
-Gostas muito de olhar para mim - sorriu.
-Olha quem fala!
-Eu não disse que não olhava.
-Mas tem algum mal?
-Não, claro que não! Eu até acho piada, mesmo depois de nos conhecermos continuarmos com isso - sorriu.
-Eu também acho giro - sorri também.
De repente chegou uma rapariga ao pé de nós, pousou o tabuleiro ao lado do Tomás e sentou-se.
-Olá Tomás! - cumprimentou ela, dando-lhe um beijo na cara.
-Olá - respondeu, surpreendido.
-Ontem não vieste almoçar - comentou ela.
-Aqui não. Fui almoçar a outro sitio - respondeu ele, sorrindo enquanto olhava rapidamente para mim.
-Então e o desenho que te pedi no outro dia, já o acabaste?
-Está quase.
-Tenta não demorar muito, é que eu queria pô-lo no quarto ao mesmo tempo que vou pôr a secretária nova.
Ele fez uma careta que tentou disfarçar com a resposta.
-Vou tentar acabá-lo até sexta, então.
Eu fiz um esforço para não me rir.
-Ok. Então e as aulas? E a Sara? Tens estado com a Sara? - perguntou ela.
-As aulas vão bem, e não, não tenho visto a Sara.
-Porquê? - pareceu surpreendida.
-Porque ela é granda chata! Não me larga, fogo!
-Coitada! Não é nada chata!
-Pois, não é a ti que ela passa a vida a mandar mensagens e a ligar e a chatear com coisas estúpidas...!
-Não é assim tão mau.
-Não, claro que não - ironizou ele.
-Bem, eu tenho de ir embora! Depois falamos, ok? Manda mensagem ou assim!
-Não tenho mensagens, agora!
-Está bem, então depois falamos! E não te esqueças do desenho!
-Hm-hm.
Ela deu-lhe um beijo na cara, levantou-se, foi levar o tabuleiro e saiu do refeitório.
-Fogo, esta miúda dá-me dores de cabeça! - reclamou.
-Ela é um bocadinho...
-Não se cala! E só sabe meter-se onde não deve!
-Pois, o assunto da Sara, não é?
-È. Tipo, ela mete-se porque a Sara é uma das melhores amigas dela, que consegue ser mais chata que ela, mas quer dizer, empurrar a amiga dela para mim é demais!
-Acho que consigo imaginar.
-Não sei se consegues! - riu.
Terminamos de comer e eu decidi fazer-lhe uma pergunta.
-Tomás, posso perguntar-te uma coisa?
-Podes.
-Porque é que vieste ter comigo quando tens amigas tão giras?
-Porque estou farto destas amigas giras. São umas chatas e não me largam! Mas tu és gira e não és chata, gosto de estar contigo!
-Só me conheceste ontem.
-Não interessa! Acho que já tive mais conversas sérias e longas contigo desde ontem do que com elas desde que as conheço! Elas podem ser giras, mas a cabeça delas está pelo menos metade, oca! Até mete impressão!
-Oh Tomás, também não precisas de falar assim! Se elas fossem mesmo uma espécie de barbies acho que não te davas com elas, por isso elas devem ter coisas boas, como todas as pessoas têm!
-Eu não disse que não tinham, óbvio que têm, só que a maior parte do tempo esta maneira de ser delas, a parte chata, consegue superar o resto, e isso cansa! E depois têm de vir sempre ter comigo! Conhecem mais rapazes, mas vêem sempre ter comigo!
-São as consequências de seres giro! - ri.
-È, eu acho que é mesmo isso!
Ambos rimos. Levantámos os tabuleiros e saímos do refeitório.
-Ainda tens aulas à tarde? - perguntei.
-Tenho. Entro à uma e meia. E tu?
-Educação Fisica, às cinco.
-E vais para casa?
-Não. Eu fico sempre cá na escola.
-Vais ficar este tempo todo aqui sozinha?
-Eu entretenho-me.
-Podias fazer um desenho para eu ver, no intervalo?
-Vou ver o que consigo fazer.
-Vou ficar à espera!
-Está bem. Mas não esperes grande coisa. Eu disse que gosto de desenhar, não que faço grandes ou pequenas obras, como tu fizeste à bocado.
-As minhas obras estão em casa, isso é um desenho.
-Hm-hm.
Ficámos sentados no murinho ao pé do refeitório e continuámos a conversar, mas entretanto tocou para a uma e um quarto e apareceu um amigo dele. Eles ficaram à conversa e tocou para a uma e meia.
-Bem, tenho de ir para a aula. Depois falamos - disse-me o Tomás.
-Ok.
-Olha, agora lembrei-me! Ainda não tenho o teu número! - estendeu-me o telemóvel dele, eu marquei o meu númEro e devolvi-lho. - Obrigado. Vou-te dar um toque para ficares com o meu.
Poucos segundos depois estava a receber uma chamada.
-È este? - perguntei.
-È. Depois posso mandar-te mensagem?
-Não estavas sem mensagens?
-Quem é que disse uma coisa dessas? - riu.
-Ninguém - sorri.
-Posso mandar?
-Podes.
-Então até já - sorriu, dando-me um beijo na cara e levantando-se.
-Até já.
Ele e o amigo foram para a aula e eu deixei-me estar ali. Peguei no desenho que ele me tinha dado e fiquei a admirá-lo. Era mesmo espetacular...
-Olá! - cumprimentou-me a Rita, sentando-se onde o Tomás tinha estado sentado.
-Olá!
-Foi o teu pai que fez isso? - perguntou-me, referindo-se ao desenho.
-Não, este não foi ele.
-Então quem é que fez?
-O Tomás.
-O Tomás? Quem é o Tomás?
-Ah, pois, ainda não te contei...
Resumi-lhe o que se estava a passar e contei-lhe quem era o Tomás e como é que tinhamos começado a falar.
-Agora quero ver quem é esse Tomás!
-Em principio vou estar com ele no próximo intervalo. - Recebi uma mensagem. De: Tomás: Se no próximo intervalo estiveres livre vou ter contigo. Em frente do pavilhão A, pode ser? Respondi que sim. - Vou estar com ele. Podes ficar comigo e conhecê-lo.
-Não posso porque eu tenho de me ir embora, depois dizes-me quem é.
-Está bem. Mas vais já embora?
-Às duas.
Ficámos à conversa até ela ir embora e depois peguei numa folha e começei a desenhar. De repente, alguém se sentou à minha frente. Eu estremeci com o susto.
-Que susto, Tomás!
-Desculpa! - sorriu.
-O que é que estás aqui a fazer? Não estás a ter aula?
-Pedi para vir à casa-de-banho - sorriu matreiramente.
-Desculpa, mas eu acho que não gosto muito de ser assemelhada a uma casa-de-banho...
Ele riu-se.
-Não era suposto fazer nenhuma comparação, foi só uma desculpa que dei à stôra para vir cá fora.
-Ah.
-Ficaste aqui desde que me fui embora?
-Fiquei.
Ele olhou para a folha que eu estava a segurar.
-Estás a desenhar?
-Estou.
-Deixa-me ver - pediu. Dei-lhe a folha. - Se fizesses aqui umas alterações... Posso? - Acenei que sim e ele pegou no lápis e começou a traçar na folha. - Se fizesses assim ficava melhor - sugeriu, entregando-me a folha e o lápis.
-Obrigada.
-De nada. Bem, tenho de ir embora, senão a stôra...
-Sim, vai.
-Até já, então.
-Até já.
Até tocar para as três, o toque de saída, estive a terminar e aperfeiçoar o desenho e entretanto o Tomás voltou a aparecer ao pé de mim.
-Ainda de volta disso? - perguntou.
-Acabei agora.
-Deixa ver! - Dei-lhe o desenho. - Para quem dizia que não ia sair nada de jeito, está bom - sorriu.
-Com os teus toquezinhos é normal que tenha saído alguma coisa.
-As mãos aqui do artista só fazem coisas boas! - Ambos gargalhamos. - Mas vá, vamos dar uma volta. Estou farto de estar quieto!
-Ok.
Levantámo-nos e fomos conversando enquanto andávamos às voltas na escola. Esse tempo passou rápido, porque voltou a tocar para a entrada.
-Pronto, tenho de me ir embora outra vez!
-Olha, muito provavelmente no próximo intervalo não vou estar cá. Tenho de ir mais cedo, vou ter Educação Fisica.
-Ih, pois é... Está bem, pronto, então até amanhã.
-Até amanhã - sorri.
Ele deu-me um beijo na cara e pediu-me um. Dei-lho e depois ele virou-se para ir para a aula. Eu fui até à biblioteca ver o meu e-mais e assim fazer tempo até chegar a hora de ir-me embora para ir ter Educação Fisica.
-Não foste à net, hoje à tarde? - perguntou-me a Filipa quando cheguei junto dela.
-Não. Estive entretida a desenhar. Só fui ao mail à bocado, quando fui para a biblioteca.
-Ah, está bem.
-O stôr já tem a chave do balneário?
-Não sei.
-Eu vou lá perguntar.
O stôr já tinha a chave então fomos equipar-nos. Poucos minutos depois saimos do balneário e eu fui entregar a chave ao professor.
-Já viste quem é que chegou? - perguntou-me a Filipa.
-Não. - Olhei para a entrada e vi o Tomás. Fui ter com ele. - O que é que estás aqui a fazer?


Olá!
Bem, espero que tenham gostado e não se esqueçam de comentar para eu saber a vossa opinião sobre esta nova história!
Beijinhos

Mónica

2 comentários:

  1. Olá!
    Estou ansiosa pelo próximo capitulo!
    Esta história promete.
    Bjs.

    P.S- Espero que a Catarina e o Tomás comecem a namorar o mais rápido possível.

    http://talvezumdiatedigamote.blogspot.pt/

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    Respostas
    1. Olá :D
      Fico contente por estarem a gostar da história :)
      Também leio as vossas duas fics e estão espetaculares!
      Em relação à Catarina e ao Tomás... bem, acho que vão ter de continuar a ler para ver o que vai acontecer! ;p
      Beijinhos

      Mónica

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