Estava a chegar à estação para
ir para a escola. Quarta-feira. Cada dia o fim das aulas estava mais próximo…
Cada dia ficava com mais saudades, mesmo sem ter ido embora ainda… Senti alguém
atrás de mim e virei-me para ver quem era.
-Bom dia –
cumprimentou-me o Pedro, acertando o seu passo com meu.
-Bom dia.
-As aulas estão
quase a acabar, hã.
-Pois estão –
respondi, enquanto caminhávamos para a escola.
-O que é que vais
ter agora?
-Português.
-Ah. Ainda tens o
livro da Sofia, não é? Se precisares dás-mo que eu entrego-lho, depois dos
exames.
-Obrigada, mas não
vai ser preciso. Já falei com a Rita e ela entrega-lho.
-Estás chateada? –
perguntou de repente.
-Com o quê?
-Com alguém.
-Não. Porque é que
perguntas isso?
-Estás a falar de
maneira diferente. Costumavas falar sempre num tomalegre e estavas sempre a
sorrir…
-Não Pedro,
simplesmente estou a achar estranho tu vires falar comigo novamente e tão de
repente.
-Eu não deixei de te
falar.
-Pois não, desculpa,
fui eu que passei os últimos dois anos a ignorar-te quase totalmente! -ironizei.
-Eu não te ignorei.
-Não Pedro, claro
que não, se calhar quem fez isso fui eu!
A conversa já estava
a irritar-me! Felizmente mais uns cinco, seis passos e chegávamos ao portão da
escola, onde ele iria muito provavelmente ficar com os amigos.
-Podemos falar no
intervalo? – pediu.
-Não. Vou estar
ocupada!
-Ocupada?
-Sim. Adeus –
respondi, descendo as escadas para entrar na escola. Ele ficou lá, como eu
tinha calculado.
Ainda ia a pensar na
lata que o Pedro tinha tido para começar aquela conversa, quando o Tomás
apareceu ao meu lado, enquanto eu passava pela porta do refeitório.
-Bom dia! – sorriu.
-Que susto! – no
entanto mostrei um sorriso. A conversa até à escola tinha-me deixado chateada,
mas o sorriso e a energia do Tomás mudaram logo o meu humor. – Bom dia.
-Está tudo bem? Não
entraste na escola com muito boa cara. Foi porque viste o teu amigo? –
perguntou, tentando ao mesmo tempo animar-me.
-Agora já está tudo
bem. E já te disse que ele não é meu amigo!
-Está bem, pronto,
não falo mais no teu amigo, então! – sorriu.
-Tomás! – mas
desmanchei-me num sorriso.
-Olha, eu hoje saio
às onze e meia e tenho duas senhas para o refeitório. Vens almoçar comigo?
-Outra vez?
-E então? E olha que
desta vez só te estou a oferecer a senha do refeitório!
-Está bem. Eu também
saio às onze e meia.
-Boa. Encontramo-nos
à porta do refeitório, quando tocar para as onze e quarenta e cinco?
-Sim, pode ser.
Chegámos ao pé da
Filipa e do nosso grupo.
-Então até logo –
despediu-se com um sorriso. - Olá Filipa! – cumprimentou, vendo a minha melhor
amiga.
-Olá – respondeu
ela.
-Até logo –
despediu-se.
-Oh, oh fofinha,
quem é que é aquele? – perguntou-me a Miriam.
Passámos o tempo até
ao toque de entrada a falar do Tomás e da maneira como tínhamos começado a
falar. Depois eu e a Filipa seguimos para a sala para termos a primeira aula.No
intervalo, eu e a Filipa fomos para o local habitual com o nosso grupo, e no
muro do outro lado estava o Tomás com um grupo de colegas. Entre conversas com
a Filipa e com o resto das raparigas, o meu olhar fugia para olhar para o
Tomás, e a maior parte das vezes os nossos olhares cruzavam-se e sorriamos
imediatamente. Quando soou o toque de entrada eu e a Filipa despedimo-nos do
resto das raparigas, enquanto o Tomás foi para a porta do refeitório.
-Eu já venho, vou só
levar a Filipa ao pé da estação - disse-lhe eu.
-Não vais nada! -
reclamou ela.
-E tu vais sozinha?
-E eu vou-me perder,
por acaso?
-Olha, desculpem lá
estar a meter-me, mas, porque é que não vamos todos até à estação e depois eu e
a Catarina voltamos? Quer dizer, se não houver problema de eu ir!
-Não, claro que não!
- respondeu a Filipa.
-Então pronto,
resolvido! Vamos? - disse ele.
-Vamos! - respondeu
ela.
Saímos da escola e
estavamos todos muito calados, até que o Tomás decidiu interromper esse
silêncio e começar a fazer perguntas à Filipa e começar a meter assunto com as
duas. Depois eu e o Tomás voltámos para a escola.
-Vamos almoçar já? -
perguntou.
-Vamos.
Entrámos no
refeitório, tirámos os tabuleiros e por fim fomos sentar-nos numa mesa a um dos
cantos.
-Disseste que também
gostas de desenhar, não é? - perguntou.
-Sim, gosto.
-Podias desenhar
qualquer coisa para eu ver - pediu.
-Não me vai sair
nada de jeito... Tu é que me podias deixar ver um dos teus desenhos.
-Hoje não tenho aqui
nenhum... Mas isso resolve-se já! - Foi à mochila e tirou uma folha e um lápis.
Em poucos minutos fez um desenho não muito grande mas algo elaborado. Estava
espetacular. - Toma. Podes ficar com ele - assinou o desenho numa das
extremidades, colocou a data e deu-me a folha. Aceitei-a e fiquei a admirar o
desenho.
-Obrigada -
agradeci. - Está mesmo fantástico... - mal consegui dizer.
-Isso nem é nada.
Tenho um monte de telas em casa, muitas ainda nem estão acabadas. Qualquer dia
levo-te ao meu atelier.
-Tens um atelier? -
perguntei surpreendidamente curiosa.
-Não é bem um
atelier. Eu e a minha mãe resolvemos transformar um quarto que não era
utilizado, então eu tornei-o no meu atelier, digamos assim.
-Levas isso mesmo a
sério - comentei.
-Já te disse que é a
minha paixão - sorriu.
-È, dá para ver -
sorri também. -Bem, é melhor começar-mos a comer, senão o comer fica frio!
-È melhor!
Começámos a comer,
mas pouco tempo depois ele disse uma coisa que me fez pousar a colher.
-Gostas muito de
olhar para mim - sorriu.
-Olha quem fala!
-Eu não disse que
não olhava.
-Mas tem algum mal?
-Não, claro que não!
Eu até acho piada, mesmo depois de nos conhecermos continuarmos com isso -
sorriu.
-Eu também acho giro
- sorri também.
De repente chegou
uma rapariga ao pé de nós, pousou o tabuleiro ao lado do Tomás e sentou-se.
-Olá Tomás! -
cumprimentou ela, dando-lhe um beijo na cara.
-Olá - respondeu,
surpreendido.
-Ontem não vieste
almoçar - comentou ela.
-Aqui não. Fui
almoçar a outro sitio - respondeu ele, sorrindo enquanto olhava rapidamente
para mim.
-Então e o desenho
que te pedi no outro dia, já o acabaste?
-Está quase.
-Tenta não demorar
muito, é que eu queria pô-lo no quarto ao mesmo tempo que vou pôr a secretária
nova.
Ele fez uma careta
que tentou disfarçar com a resposta.
-Vou tentar acabá-lo
até sexta, então.
Eu fiz um esforço
para não me rir.
-Ok. Então e as
aulas? E a Sara? Tens estado com a Sara? - perguntou ela.
-As aulas vão bem, e
não, não tenho visto a Sara.
-Porquê? - pareceu
surpreendida.
-Porque ela é granda
chata! Não me larga, fogo!
-Coitada! Não é nada
chata!
-Pois, não é a ti
que ela passa a vida a mandar mensagens e a ligar e a chatear com coisas
estúpidas...!
-Não é assim tão
mau.
-Não, claro que não
- ironizou ele.
-Bem, eu tenho de ir
embora! Depois falamos, ok? Manda mensagem ou assim!
-Não tenho
mensagens, agora!
-Está bem, então
depois falamos! E não te esqueças do desenho!
-Hm-hm.
Ela deu-lhe um beijo
na cara, levantou-se, foi levar o tabuleiro e saiu do refeitório.
-Fogo, esta miúda
dá-me dores de cabeça! - reclamou.
-Ela é um
bocadinho...
-Não se cala! E só
sabe meter-se onde não deve!
-Pois, o assunto da Sara, não é?
-È. Tipo, ela
mete-se porque a Sara é uma das melhores amigas dela, que consegue ser mais
chata que ela, mas quer dizer, empurrar a amiga dela para mim é demais!
-Acho que consigo
imaginar.
-Não sei se
consegues! - riu.
Terminamos de comer
e eu decidi fazer-lhe uma pergunta.
-Tomás, posso
perguntar-te uma coisa?
-Podes.
-Porque é que vieste
ter comigo quando tens amigas tão giras?
-Porque estou farto
destas amigas giras. São umas chatas
e não me largam! Mas tu és gira e não és chata, gosto de estar contigo!
-Só me conheceste
ontem.
-Não interessa! Acho
que já tive mais conversas sérias e longas contigo desde ontem do que com elas
desde que as conheço! Elas podem ser giras, mas a cabeça delas está pelo menos
metade, oca! Até mete impressão!
-Oh Tomás, também
não precisas de falar assim! Se elas fossem mesmo uma espécie de barbies acho que não te davas com elas,
por isso elas devem ter coisas boas, como todas as pessoas têm!
-Eu não disse que
não tinham, óbvio que têm, só que a maior parte do tempo esta maneira de ser
delas, a parte chata, consegue superar o resto, e isso cansa! E depois têm de
vir sempre ter comigo! Conhecem mais rapazes, mas vêem sempre ter comigo!
-São as
consequências de seres giro! - ri.
-È, eu acho que é
mesmo isso!
Ambos rimos.
Levantámos os tabuleiros e saímos do refeitório.
-Ainda tens aulas à
tarde? - perguntei.
-Tenho. Entro à uma
e meia. E tu?
-Educação Fisica, às
cinco.
-E vais para casa?
-Não. Eu fico sempre
cá na escola.
-Vais ficar este
tempo todo aqui sozinha?
-Eu entretenho-me.
-Podias fazer um
desenho para eu ver, no intervalo?
-Vou ver o que
consigo fazer.
-Vou ficar à espera!
-Está bem. Mas não
esperes grande coisa. Eu disse que gosto de desenhar, não que faço grandes ou
pequenas obras, como tu fizeste à bocado.
-As minhas obras
estão em casa, isso é um desenho.
-Hm-hm.
Ficámos sentados no murinho
ao pé do refeitório e continuámos a conversar, mas entretanto tocou para a uma
e um quarto e apareceu um amigo dele. Eles ficaram à conversa e tocou para a
uma e meia.
-Bem, tenho de ir
para a aula. Depois falamos - disse-me o Tomás.
-Ok.
-Olha, agora
lembrei-me! Ainda não tenho o teu número! - estendeu-me o telemóvel dele, eu
marquei o meu númEro e devolvi-lho. - Obrigado. Vou-te dar um toque para
ficares com o meu.
Poucos segundos
depois estava a receber uma chamada.
-È este? -
perguntei.
-È. Depois posso
mandar-te mensagem?
-Não estavas sem
mensagens?
-Quem é que disse
uma coisa dessas? - riu.
-Ninguém - sorri.
-Posso mandar?
-Podes.
-Então até já -
sorriu, dando-me um beijo na cara e levantando-se.
-Até já.
Ele e o amigo foram
para a aula e eu deixei-me estar ali. Peguei no desenho que ele me tinha dado e
fiquei a admirá-lo. Era mesmo espetacular...
-Olá! -
cumprimentou-me a Rita, sentando-se onde o Tomás tinha estado sentado.
-Olá!
-Foi o teu pai que
fez isso? - perguntou-me, referindo-se ao desenho.
-Não, este não foi
ele.
-Então quem é que
fez?
-O Tomás.
-O Tomás? Quem é o
Tomás?
-Ah, pois, ainda não
te contei...
Resumi-lhe o que se
estava a passar e contei-lhe quem era o Tomás e como é que tinhamos começado a
falar.
-Agora quero ver
quem é esse Tomás!
-Em principio vou
estar com ele no próximo intervalo. - Recebi uma mensagem. De: Tomás: Se no próximo intervalo estiveres livre vou ter contigo. Em
frente do pavilhão A, pode ser? Respondi que sim. - Vou estar com ele. Podes ficar comigo e conhecê-lo.
-Não posso porque eu
tenho de me ir embora, depois dizes-me quem é.
-Está bem. Mas vais
já embora?
-Às duas.
Ficámos à conversa
até ela ir embora e depois peguei numa folha e começei a desenhar. De repente,
alguém se sentou à minha frente. Eu estremeci com o susto.
-Que susto, Tomás!
-Desculpa! - sorriu.
-O que é que estás
aqui a fazer? Não estás a ter aula?
-Pedi para vir à
casa-de-banho - sorriu matreiramente.
-Desculpa, mas eu
acho que não gosto muito de ser assemelhada a uma casa-de-banho...
Ele riu-se.
-Não era suposto
fazer nenhuma comparação, foi só uma desculpa que dei à stôra para vir cá fora.
-Ah.
-Ficaste aqui desde
que me fui embora?
-Fiquei.
Ele olhou para a
folha que eu estava a segurar.
-Estás a desenhar?
-Estou.
-Deixa-me ver -
pediu. Dei-lhe a folha. - Se fizesses aqui umas alterações... Posso? - Acenei
que sim e ele pegou no lápis e começou a traçar na folha. - Se fizesses assim
ficava melhor - sugeriu, entregando-me a folha e o lápis.
-Obrigada.
-De nada. Bem, tenho
de ir embora, senão a stôra...
-Sim, vai.
-Até já, então.
-Até já.
Até tocar para as
três, o toque de saída, estive a terminar e aperfeiçoar o desenho e entretanto
o Tomás voltou a aparecer ao pé de mim.
-Ainda de volta
disso? - perguntou.
-Acabei agora.
-Deixa ver! -
Dei-lhe o desenho. - Para quem dizia que não ia sair nada de jeito, está bom -
sorriu.
-Com os teus
toquezinhos é normal que tenha saído alguma coisa.
-As mãos aqui do
artista só fazem coisas boas! - Ambos gargalhamos. - Mas vá, vamos dar uma
volta. Estou farto de estar quieto!
-Ok.
Levantámo-nos e
fomos conversando enquanto andávamos às voltas na escola. Esse tempo passou
rápido, porque voltou a tocar para a entrada.
-Pronto, tenho de me
ir embora outra vez!
-Olha, muito
provavelmente no próximo intervalo não vou estar cá. Tenho de ir mais cedo, vou
ter Educação Fisica.
-Ih, pois é... Está
bem, pronto, então até amanhã.
-Até amanhã - sorri.
Ele deu-me um beijo
na cara e pediu-me um. Dei-lho e depois ele virou-se para ir para a aula. Eu
fui até à biblioteca ver o meu e-mais e assim fazer tempo até chegar a hora de
ir-me embora para ir ter Educação Fisica.
-Não foste à net,
hoje à tarde? - perguntou-me a Filipa quando cheguei junto dela.
-Não. Estive
entretida a desenhar. Só fui ao mail à bocado, quando fui para a biblioteca.
-Ah, está bem.
-O stôr já tem a
chave do balneário?
-Não sei.
-Eu vou lá
perguntar.
O stôr já tinha a
chave então fomos equipar-nos. Poucos minutos depois saimos do balneário e eu
fui entregar a chave ao professor.
-Já viste quem é que
chegou? - perguntou-me a Filipa.
-Não. - Olhei para a
entrada e vi o Tomás. Fui ter com ele. - O que é que estás aqui a fazer?
Olá!
Bem, espero que tenham gostado e não se esqueçam de comentar para eu saber a vossa opinião sobre esta nova história!
Beijinhos
Mónica
Olá!
ResponderEliminarEstou ansiosa pelo próximo capitulo!
Esta história promete.
Bjs.
P.S- Espero que a Catarina e o Tomás comecem a namorar o mais rápido possível.
http://talvezumdiatedigamote.blogspot.pt/
Olá :D
EliminarFico contente por estarem a gostar da história :)
Também leio as vossas duas fics e estão espetaculares!
Em relação à Catarina e ao Tomás... bem, acho que vão ter de continuar a ler para ver o que vai acontecer! ;p
Beijinhos
Mónica