quarta-feira, 6 de junho de 2012

Capitulo 1 (parte I)







Já há algum tempo que andava numa troca de olhares com um rapazinho da escola. Era giro ver a maneira descarada como ele tinha começado a olhar para mim e para a minha melhor amiga e notar que agora cada vez que eu passava por ele não conseguíamos tirar os olhos um do outro. E ele também era giro… Se era! Com todas estas trocas de olhares eu já pensava nele mais do que inicialmente pensei… A beleza dele e a maneira como ele tinha iniciado esta troca de olhares deixava-me cada vez mais a pensar nele, muitas vezes sem ter noção de que ele percorria os meus pensamentos…

Era terça-feira, a penúltima terça-feira de aulas. Não íamos ter a aula de Psicologia, que era às 8.15h da manhã, pois a essa hora ia ser a reunião da nossa turma para os professores nos darem as notas e falarem sobre as avaliações, mas eu decidi ir logo para a escola. Apetecia-me. Eram os últimos tempos que ia passar nesta escola, primeiro, porque estava a acabar o 12ºano e depois, porque depois de saírem as notas dos exames nacionais ia voltar a viver em Cascais, e depois sempre tinha gostado da escola e agora que toda a fase da escola estava a terminar e ia deixar de viver nesta área, ia deixar de estar tão perto dos amigos que criei desde que vim morar para Almada, dos conhecidos e até dos locais, muitos deles tendo adquirido muitos significados importantes para mim, estava a ficar com imensas saudades só de saber que dali a pouco ia deixar de ter tudo isso junto de mim, fisicamente… Entrei na escola faltavam uns sete minutos para o toque de entrada das primeiras aulas da manhã. Virei-me para olhar para trás e depois continuei caminho até que avistei, à minha frente, um grupo de rapazes no qual estava inserido o rapaz da escola com quem eu trocava olhares. Ele estava de pé, de lado para o local onde eu agora estava a passar, enquanto os colegas estavam sentados no pequeno muro ao lado. Assim que os nossos olhares se cruzaram não deixamos de olhar um para o outro. Ele seguia-me com o olhar, e depois de eu ter passado por ele olhei para trás, para olhá-lo uma vez mais. Ele continuava a olhar. Voltei a olhar em frente e sorri.
-Olha! - ouvi um rapaz chamar. Podia não ser para mim, mas como já é hábito, olho sempre. O problema era que aquilo tinha sido para mim. Parei e o rapaz, o tal dos olhares, veio ter comigo. – Então, estás boa?
Eu fiquei super surpreendida. Não estava realmente a pensar que ele fosse ter comigo ou dirigir-me a palavra, apesar de já ter pensado que não me importava minimamente que isso acontecesse.
-Tudo.
-Como é que te chamas? – perguntou novamente, sempre a sorrir. O sorriso era bonito.
-Catarina.
-Eu sou o Tomás. – Olhou para mim à espera que eu dissesse alguma coisa, sem deixar de ter um leve sorriso.
-Ah.
-Que idade é que tens?
-Dezoito.
-Eu tenho dezassete, faço os dezoito daqui a pouco tempo.
-Boa. – Apenas conseguia responder em monossílabos, devido à surpresa e pelo facto de achar que não ia conseguir manter uma conversa com aquele rapaz. E estava a fazer um enorme esforço para não me rir, uma consequência dos meus nervos muitas vezes.
-Andas no 12º?
-Sim.
-Em que área?
-Humanidades.
-Eu ando no 10º, em Artes. E queres seguir para a Faculdade?
-Quero.
-O que é que queres seguir?
-Tradução.
-Boa escolha. Por acaso também gosto de Línguas mas a minha paixão é o Desenho…  -sorriu.
-Eu também gosto de desenhar, mas para seguir estudos acho que não chega…
-Pois, mas sempre podes desenhar nos tempos livres. É o que eu faço, para além de o fazer também nas aulas. – Ele riu e eu sorri também. Ajudou ligeiramente a aliviar os nervos que se tinham instalado no meu estômago. – Vais ter aula agora?
-Não, mas vou para a sala onde íamos ter aula. Alguns colegas vão vir de certeza porque não sabiam que não ia haver aula.
-Então só tens aulas às 10.00h, agora.
-Sim.
-Então vamos andando para a tua sala – sugeriu.  –Costumas andar sempre com uma rapariga de óculos pretos e cabelo curtinho, não é?
-Sim, é a minha melhor amiga.
Começámos a andar em direcção aos monoblocos pois a escola estava em obras e tínhamos grande parte das aulas em monoblocos. Enquanto andávamos conversávamos e ele pediu para passar o intervalo das 9.45h comigo. Eu disse que sim, apesar de ter ficado surpreendida, pois nem esperava que ele viesse falar comigo, quanto mais passar intervalos… Combinámos junto do pavilhão E. Subi as escadas e entrei na sala. Pouco tempo depois a minha melhor amiga entrou também e veio sentar-se ao pé de mim.
-Bom dia.
-Bom dia.
-Olha, sabes quem é que passou agora por mim?
-Quem?
-O Tomás!
-Ah. Pois, eu calculei que se tivessem cruzado.
-Ai calculaste? – perguntou confusa.
-Sim.
-Como?
-Ele veio comigo até à sala.
-Até à sala? Como assim?! – perguntou super curiosa, num tom mais alto do que era suposto. Duas colegas nossas olharam para nós.
-Shiiiu!
-Desculpa! Mas diz-me lá como é que isso foi que já não estou a perceber nada! – pediu num tom mais baixo.
-Ele veio comigo até à sala.
-Até aí já percebi!
-Oh pá, foi super esquisito! Tipo, eu estava a chegar à escola e quando cheguei ao pé do pavilhão A vi-o com os amigos e fiquei, ou melhor, ficámos os dois como agora já é normal, a olhar um para o outro e depois de lhe ter virado costas, no corredor entre o pavilhão A e o pavilhão B, ouvi alguém a dizer ‘’ Olha!’’ e como costumo fazer sempre, mesmo que não seja para mim, olhei para trás, só que tinha sido ele a chamar-me!
-A chamar-te? Porquê?
-Tipo, ele foi ter comigo e começou logo a falar comigo, a perguntar-me se estava boa e assim e acabou por vir trazer-me à sala.
-Isso aconteceu do nada?
-Do nada. Quer dizer, se não quiseres contar com os olhares que trocamos todos os dias, foi do nada. – Ela ficou a olhar para mim, surpreendida. – E vou passar o próximo intervalo com ele, ele pediu-me. Combinámos no pavilhão E.
-Já? Bem, ele está a ser rápido, hã!
-Oh pá!  -reclamei, começando a sentir-me um pouco envergonhada.
Acabámos por ficar o tempo todo da aula na sala, com mais umas colegas que tinham ido e aproveitámos por ficar a ver uns vídeos que ela tinha no computador dela, que tinha trazido para mostrar umas coisas a umas amigas nossas.
-Vá, vai lá ter com o teu novo amigo! – riu a minha melhor amiga, ao sairmos da sala, enquanto tocava para o final do tempo da aula.
-Pára de gozar comigo! E tu podes vir comigo até ao pavilhão E e depois vais ter com elas.
-Mas vou mesmo, não vou ficar no meio de vocês os dois a servir de vela!
-Aí, até parece! Só nos conhecemos hoje!
-Pois, mas já andavam de olho um no outro há umas duas semanas!
-E então? Posha, és mesmo má! Pára lá de gozar comigo!
-Está bem, eu paro!
Entretanto chegámos em frente do pavilhão onde eu e ele tínhamos combinado encontrar-nos. Ele já lá estava.
-Olá  - disse eu.
-Olá – sorriu.
-Filipa, é o Tomás, Tomás, é a Filipa, a minha melhor amiga.
-Olá  - disseram os dois, cumprimentando-se.
-Bem, eu vou ter com elas. Até já! – disse ela.
-Está bem – respondi.
-Olha, e a seguir temos História, por isso vê lá se não chegas muito atrasada! – advertiu-me.
-Sim, eu sei. Até já.
-É assim tão mau se chegares um bocadinho atrasada à aula?
-Mau não é, mas é que o stôr costuma ir cedo para a sala.
-Oh, mas também já é a penúltima semana de aulas, não faz mal se chegares um bocadinho atrasada.
-Eu também não gosto muito de chegar atrasada.
-Ah. Mas não te preocupes que não chegas atrasada! – sorriu. – Vamos dar uma volta?
-Vamos.
Enquanto dávamos voltas pela escola continuámos a conversar e depois acabámos por sentar-nos, por coincidência, no muro onde os amigos dele e ele tinham estado antes, o mesmo sítio onde eu e a minha melhor amiga estávamos quando as trocas de olhares tinham começado. Continuámos a conversar e a rir e já encontrávamos vários gostos em comum, assim como pontos de discórdia, como é normal. Atrás dele, no muro do outro lado, estava a minha melhor amiga com o nosso grupo habitual de amigas. De vez em quando olhava para ela e ela e mais algumas raparigas olhavam para nós a sorrir, curiosas. O meu olhar apenas se deslocava entre elas, muito de vez em quando, e ele, com os seus olhos lindos a olharem-me quase fixamente enquanto falava.
-Olha, está ali atrás de ti um rapaz que não pára de olhar para nós – disse ele, de repente. Olhei para trás para ver de quem é que ele estava a falar. Pois… Devia ter calculado.
-Ah…  -respondi, com uma meia careta.
-Conhece-lo?
-Conheço…
-Gostas dele?
-Não!
-Mas já gostaste… - perguntou, parecendo já ter interpretado a minha resposta simplesmente a partir da minha primeira resposta.
-Já… Mas agora já não interessa nada!
-E ele gosta de ti?
-Não sei. Acho que não. Mas também não quero saber disso!
-Está bem.
Olhei para trás de mim. O Pedro estava a andar, ao lado do Miguel, mas estava a olhar para trás, para mim. Os nossos olhares cruzaram-se por breves segundos e quando eu ia voltar a olhar para o Tomás, vi o Pedro a ir contra alguém e o Miguel a segurá-lo e a dizer-lhe qualquer coisa. Não dei importância. Entretanto soou o toque de entrada e o meu stôr passou atrás do Tomás assim que olhei novamente para ele.
-Bem, tenho de ir para a aula, o meu stôr passou agora.
-Ok. Achas que podemos estar juntos no próximo intervalo também?
-Eu não vou ficar muito tempo no próximo intervalo. Vou ter Inglês e tenho de estar na sala antes do toque.
-Ah, então já sei quem é que é a tua stôra!
-È a mesma que a tua.
-Bem, então está bem, mas podes pelo menos dizer-me um ''Olá'', não?
-Oh, posso.
-Boa. E já agora, hoje almoças comigo. È pelo intervalo que não vais poder estar comigo - riu.
-Mas eu não tenho senha do refeitório nem trouxe dinheiro. Supostamente ia almoçar a casa.
-Ainda bem que era só supostamente. Não te preocupes que eu trato do almoço.
-Oh Tomás, eu não gosto disso.
-Do quê? Eu ainda nem disse onde é que vamos! - gozou.
-Eu estou a falar de me pagares o almoço.
-Nem reclames! Vamos almoçar ao McDonald's aqui ao lado, e é porque eu entro à uma e meia!
-Se não for não almoço, não é?
-È.
-Mas espera, tu entras à uma e meia, mas eu saio à uma e um quarto. Não vai dar tempo.
-Vai, vai. Eu saio ao meio-dia e meia e tu também vais sair hoje.
-Ai vou? È Inglês, não vamos sair a essa hora de certeza, ou não sabes como é que é a stôra?
-Sei, e por isso é que vou falar com ela para tu saíres mais cedo.
-Oh Tomás, não vais fazer isso! - pedi, meio com medo que ele estivesse realmente a pensar fazê-lo.
-Nem que eu vá lá bater à porta!
-Tomás!
-Não precisavas de ir para a aula? Já passaram três minutos! - sorriu.
-Não faças isso!
-Até já! - riu, correndo em seguida em direcção aos monoblocos.
Apressei-me a ir para a sala, entrando ao mesmo tempo que duas colegas minhas. 






Olá!
Bem, espero que tenham gostado do capitulo e deixem a vossa opinião sobre este novo projecto! Espero que esta história vos deixe tão interessados como vos deixa a outra! 
Beijinhos


Mónica

2 comentários:

  1. Olá adorei o capitulo. Posta rapido novo capitulo.

    Esta historia tambem é sobre algum jogador de futebol?

    Beijinhos
    Maria

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  2. Olá :)
    Ainda bem que gostaste! Espero que continues a ter interesse na história :)

    Não, esta história não envolve nenhum jogador de futebol, mas espero que corresponda às tuas expectativas :)
    Beijinhos

    Mónica

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